O agronegócio antigo vivia de ciclos. Existia o ciclo da laranja, e todos plantavam laranja. Quando ficava ruim, todos cortavam a laranja e iam para outro investimento. Mas essa realidade mudou. Hoje é preciso tecnologia e diversidade, sendo que uma das tendências é o projeto silvipastoril, que agrega em um mesmo espaço, gado e árvores.
“Essa modalidade de ciclos vem acabando, porque a gestão dentro do agronegócio faz com que percebamos que eles não são bons, porque você entra no momento em que ele já está em sua fase de queda, ou no meio do seu ápice indo para o momento de queda, e ele não se torna mais interessante. A diversificação resolve esse problema. A partir do momento que você pega a sua propriedade e diversifica, você tem vários ovos em várias cestas. Se nesse momento o gado está bom, ele vai ajudar a sustentar a fazenda. No momento que o gado cai, a seringueira está boa e sustenta a propriedade, e você vai se consolidando em todos os ramos de negócio que tem dentro da propriedade”, explica Kelvin Kaiser, CEO da Kaiser Agro.
A tecnologia também está cada vez mais presente dentro do agronegócio, que ainda hoje é o negócio que sustenta o País. Por isso é natural à tendência do aumento da tecnologia, que somada à diversificação, ajuda que o empreendedor se mantenha no mercado.
“As propriedades rurais normalmente são herdadas, por gerações que não sabem o que fazer com elas. Porque o empreendedorismo realmente demanda muito conhecimento. Passamos por isso quando tivemos que fazer o nosso empreendedorismo. Tínhamos ajudas pontuais, mas ninguém que fizesse o processo completo. Então começamos a desenhar o projeto com essas ajudas pontuais. Aprendemos com nossas necessidades e hoje disponibilizamos isso para outras pessoas. Transformamos nossa propriedade em negócio. Onde era apenas gado, analisamos o mercado de seringueira e iniciamos o plantio. Depois de um tempo analisamos o mogno africano como uma madeira nobre, que poderia agregar num projeto silvipastoril. Hoje contamos com uma equipe extremamente capacitada, para atender essa necessidade de diversidade”, ressalta Kelvin.
Dentro dessa tendência, o Mato Grosso do Sul está se tornando um grande polo de madeira na parte de látex e madeira nobre, por ser uma terra um pouco mais barata do que no estado de São Paulo, mas está próximo e tem muitas propriedade que pertencem a pessoas de São José do Rio Preto.
Saiba Mais
A Kaiser Agro é uma empresa do Grupo Cene, que nasceu de um sonho antigo do médico Roberto Kaiser, que como vários outros médicos de São José do Rio Preto, tinha propriedade agrícola no Mato Grosso do Sul, com gado. Quando seu filho Kelvin começou a ajudar na administração do Grupo, a fazenda se tornou mais um dos itens para serem olhados.
Ao acompanhá-la, percebeu-se que o gado era mais um hobby do que um negócio efetivamente, e isso fez com que se começasse a olhar a propriedade rural como uma empresa. Manteve-se as atividades já existentes e ampliou-se outras, iniciando o processo de diversificação.
Assim nasceu a Kaiser Agro. “Antigamente era somente gado, analisamos o mercado de seringueira e iniciamos o plantio, depois de algum tempo começamos a produzir nossas próprias mudas. Passou mais um tempo, analisamos o mogno africano, como uma madeira nobre. Não existia isso no Mato Grosso do Sul. Nossos vizinhos diziam que éramos malucos, que todo mundo queria tirar árvore e a nós queríamos colocar árvore. Hoje, quase todos os vizinhos seguem a modalidade, seja por influência nossa, ou do mercado”, finaliza Kelvin Kaiser.