A trupe rio-pretense Manas no Coletivo dá início à montagem de seu primeiro espetáculo, “Não tem véu, nem réu, tem revolução”. O projeto é composto exclusivamente por mulheres e foi um dos selecionados pelo Prêmio Nelson Seixas 2018. Sua proposta é contribuir para a reflexão e a conscientização das mulheres.
A estreia do espetáculo está prevista para o primeiro trimestre de 2019. O coletivo fará uma mini-temporada de três apresentações: dia 29 de março, no Centro Cultural Vasco; dia 12 de abril, no Cursinho Alternativo, e dia 20 de abril, no Teatro Municipal “Humberto Sinibaldi Neto”, às 20h.
Além disso, serão oferecidas três oficinas de psicodrama, com duração de duas horas: em 30 de março (Vasco); 13 de abril (Alternativo), e 21 de abril (teatro).
Integram o elenco as atrizes Amine Boccardo, Cibele Sampaio, Fabiana Pezzotti e Lila Santiago. A ideia nasceu a partir de uma experiência no FIT 2018 – Festival Internacional de Teatro de Rio Preto. Cibele e Fabiana atuaram no espetáculo argentino “Todo lo que está a mi lado”, que selecionou seis atrizes rio-pretenses para seu elenco local.
“A densidade do texto propiciou um verdadeiro encontro despojado da cultura machista que nos é imposta e que nos ensinou a rivalidade e não a parceria”, contam sobre o trabalho no festival.
A participação das mulheres em “Não tem véu, nem réu, tem revolução” não se limita à atuação. Elas também assinam a dramaturgia, direção, cenografia, figurino, iluminação, produção e demais funções artísticas e técnicas do trabalho. O processo de criação é colaborativo e com suas práticas alicerçadas em diversas parcerias artísticas.
Sarau
O coletivo promove nesta segunda-feira (17/12), às 20h, o “Sarau das Manas”, encontro que reúne artistas, grupos e ativistas de Rio Preto que também possuem trabalhos voltados a questões da mulher. Será um momento de reflexão e partilha, em que as participantes poderão assumir suas vozes e dialogar sobre suas demandas na sociedade e o seu ofício.
O evento conta com a presença da dramaturga, escritora e roteirista Ana Roxo. Indicada ao Prêmio Shell 2012 como melhor autora, pela peça “Cabeça de Papelão”. Desde 2016 possui o canal no YouTube “O Mundo Segundo Ana Roxo”. Ela aceitou o convite do coletivo rio-pretense e será responsável pelo texto do espetáculo.
O “Sarau das Manas” marca a abertura da imersão de três dias do elenco com a dramaturga e a diretora do espetáculo. Um dos destaques da programação do sarau é a participação da diretora Tânia Alonso. Ela abordará o tema “A voz das Areias”, sobre os desafios da mulher em uma cultura em que sua existência é subestimada. A psicóloga Jéssica Oliveira falará sobre “Feminismo: de onde viemos, onde estamos e para onde vamos?”.
Também conduzem atividades dentro da programação do sarau Fabiana Pezzotti, a cantora Adriane Calixto, a psicóloga Fernanda Moraes, a socióloga e professora Bruna Giorjiani e a Cia. Dindara.
O evento será em uma chácara no Condomínio San Fernando Valley e a participação é restrita a mulheres convidadas.
Programação
20h – Voz Manas – Abertura
ComFabiana Pezzotti (atriz e produtora)
A trupe Manas no Coletivo propõe um trabalho feito apenas por mulheres, sobre mulheres, que não só busca mudar o olhar do homem para a mulher, mas também o olhar da mulher para a mulher. O objetivo dessa fala é mostrar a proposta do projeto.
20h10 – Voz Manas – Boas-vindas: “A voz das Areias”
Com Tânia Alonso (diretora)
Atravessar desertos, descobrir a própria essência. Como realizar em uma cultura em que nossa existência é subestimada?
20h20 – Manas Em Ação – Pocket show com Adriane Calixto
20h40 – Voz Manas – Roda de conversa “Feminismo: de onde viemos, onde estamos e para onde vamos?”
Com Jéssica Oliveira (historiadora e psicóloga)
Resgate da trajetória do movimento feminista no mundo e no Brasil, pontuando a ligação dessa historicidade com as bandeiras feministas atuais. Quais as perspectivas de luta e enfrentamento diante da conjuntura nacional que se apresenta.
21h20 – Voz Manas – Roda de conversa “A Vida Como Obra de Arte”
Com Fernanda Moraes (psicóloga)
Partindo da ideia que nossa subjetividade não nos será dada, há somente uma implicação prática: temos de criar a nós mesmas como uma obra de arte.
21h40 – Voz Manas – Roda de conversa “Corpo – Entre o social e o pessoal, qual o lugar do seu corpo?”
Com Bruna Giorjiani (socióloga e professora)
A história do corpo e como a relação do corpo com a sociedade contemporânea se dá. A ideia é pensar a opressão e até discriminação de determinados corpos, principalmente o corpo feminino.
21h50 – Manas Em Ação – Poema “Me Gritaram Negra!”, de Victoria Santa Cruz
Com Cia. Dindara
O poema “Me Gritaram Negra!” é uma bandeira na luta contra o racismo. Ele relata aquilo que todo negro já viveu, e o faz interiorizar uma autoimagem que nega sua autoestima. Mas, num crescente, a palavra “negra”, que começa como insulto, se transforma em afirmação valorosa da identidade e da humanidade negra.
22h – Vivência “Vamos jogar na fogueira o que não nos pertence”
22h30 – Celebração Wicca
Pequena jornada com meditação e reflexão sobre empoderamento feminino.
23h15 – Corredor de Despedida
Finalização com o Manas no Coletivo a fim de promover a sororidade.