Esperança e pioneirismo. Pela primeira vez realizado no Brasil, o transplante de célula-tronco para tratamento da Doença de Crohn trouxe esperança para aqueles pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais e sofrem com o avanço da doença.
Já realizado na Europa e nos Estados Unidos, o transplante foi executado com pioneirismo no país em São José do Rio Preto (SP) pelo Dr. Roberto Luiz Kaiser Junior, proctologista, pelo Dr. Milton Ruiz, coordenador da unidade de transplante e medula óssea e terapia celular da Associação Portuguesa de Beneficência de São José do Rio Preto, e equipe.
“O transplante de célula-tronco é a saída para aqueles que não respondem aos tratamentos convencionais da Doença de Crohn. Esse foi o pontapé inicial para que o procedimento, já realizado em outros países, possa beneficiar também os brasileiros”, destaca Kaiser Junior.
Para Milton Ruiz, o pioneirismo do transplante para o tratamento da Doença de Crohn no Brasil chama a atenção para essa importante opção em casos de quadro clínico grave. “O transplante de célula tronco já é realizado no Brasil para tratamento de outras doenças, agora temos um precedente para o procedimento direcionado a doença específica”, explica.
As doenças autoimunes afetam de 3% a 5% da população mundial, uma delas é a Doença de Crohn. Crônica, a doença afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon), mas pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal.
Diagnosticada há 4 anos com a doença, Giselle Idalgo foi a paciente que recebeu o primeiro transplante para controle da Doença de Crohn em solo brasileiro.
“Quando comecei a atender a Giselle, em 2012, ela já havia passado por cirurgias, chegou a tirar uma parte do intestino, mas nada deu resultado. Então, passei a buscar alternativas para o quadro dela e inteirei-me sobre o transplante de célula-tronco, ainda inexistente no Brasil”, explica o proctologista.
Roberto Luiz Kaiser Junior buscou em Chicago aquele que seria o procedimento que salvaria Giselle. Com a indicação do médico Milton Ruiz, Kaiser Junior teve a consultoria do prestigiado médico americano Richard Burt. Já acostumado com a técnica, Burt passou sua experiência para que a cirurgia fosse realizada no Brasil.
A frente da equipe de transplante, o médico Milton Ruiz contou com a equipe da Kaiser Clínica durante todos os procedimentos.
“Foram 40 dias de internação no total. Foi de total importância para o sucesso do tratamento o trabalho em conjunto da equipe de transplante e a equipe de gastroentelogia”, aponta Milton Ruiz.
O transplante de células-tronco hematopoiéticas (produtoras de sangue), retiradas da medula óssea do próprio paciente, estimula o sistema imunológico do paciente a se restabelecer livre da doença.
Com 29 anos, Giselle chegou a pesar 30 Kg, criou resistência aos medicamentos e encontrou no transplante a esperança de cura.
“Quando conheci o Dr. Kaiser Junior já havia passado por muita coisa e consegui renovar minha fé com a promessa do transplante. Antes do procedimento fui acompanhada por uma equipe multidisciplinar composta por nutricionista, psicólogo e diferentes médicos. Com essa base, passei por todo o processo confiante e agora posso desfrutar da minha saúde”, resume Giselle Idalgo.
Para Kaiser Junior, a resposta da paciente não poderia ser melhor. “É como se ela tivesse apertado o botão “reset” no corpo. A Doença de Crohn já não está mais ativa, ela ganhou peso e já não sofre mais com as doenças associadas. Foi um sucesso”, comemora.
Esse foi um gigante passo para a medicina brasileira, que passa a poder oferecer uma saída para aqueles pacientes com Doença de Crohn que não respondem aos tratamentos e cirurgias tradicionais.
Como o transplante é pioneiro no país, ainda está em fase de luta para que o SUS e planos de saúde passem a cobrir o procedimento.
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