O conceito do circo mudou. O ato de entreter o público, que é o componente principal de uma das mais antigas manifestações culturais existentes, está tornando-se cada vez mais complexo e cheio de referências em outras formas de arte. O chamado “circo contemporâneo” começou no final dos anos 70, em vários países e simultaneamente. Na Austrália, com o Circus OZ (1978), uma espécie de pré-Cirque du Soleil, e na Inglaterra, com os artistas de rua portando-se como palhaços, truques com fogo, mágicas e andando em pernas de pau.
Pensando nisso, o Sesc Rio Preto realiza nesta semana o especial “Além da Lona”, projeto circense que traz ao público dois espetáculos e uma intervenção com propostas diferenciadas na forma de apresentação e no conteúdo artístico. Tudo é gratuito.
“O circo vai além da tradição e não acontece apenas embaixo da lona. Os artistas foram para ruas e adquiriram outras técnicas, misturaram a outras linguagens como a dança e o teatro. A programação deste ano foi pensada no sentido de abraçar toda a família, como um circo faz, mas com surpresas que vão além de como o circo é conhecido”, explica Daniela Rosa, técnica de programação do Sesc Rio Preto.
No dia 19, aniversário de Rio Preto, o espetáculo “Qualquer Verdura” promete divertir o feriado de pais e filhos. O equilibrista e palhaço Rafael Dante utiliza objeto do cotidiano para realizar acrobacias e fazer rir o público. Com uma ampla trajetória por festivais e encontros de circo internacionais, o espetáculo que em 2012 obteve o prêmio máximo do Festival Pasa La Gorra em Múrcia (Espanha), há poucos meses levou o Prêmio de Humor no renomado Festival des Artistes da Rue de Vevey, Suíça.
Esta é uma das 10 produções da Cia. espanhola-argentina Los Chimichurri, especializada em formatos de rua, repletos de humor e técnicas apuradas de circo, surgida no ano 2000 no Parque do Retiro, parada obrigatória para os artistas de rua de todo mundo, de passagem pela capital espanhola. Conscientes das carências, dificuldades do mundo moderno, Los Chimichurri se centram na beleza e no humano, trabalhando as possibilidades do corpo, o potencial terapêutico do riso e no efeito enriquecedor de um aplauso. “Qualquer verdura” (expressão argentina para “Qualquer coisa”) é um espetáculo de rua adaptável a salas, cuja a universalidade de sua linguagem artística, afetiva e gestual não se apoia no pouco texto que contempla.
No fim de semana, serão duas apresentações: no sábado, 21, o propósito da apresentação “Nóis Um”, da Delá Praká (Brasil), é mostrar a dança como elemento necessário no conjunto circense. Éum espetáculo emocionante que transporta o público para um outro estado de sensibilidade. Uma coreografia cheia de sincronicidade que une os corpos e articula suavidade e impacto de maneira poética. Com seus olhares profundos e radiantes os bailarinos também são espectadores do público. A música dá textura às diferentes qualidades de movimento, o som de instrumentos não habituais cria uma atmosfera íntima e sutil. Os artistas em “Nois Um” unem dança contemporânea, acrobacia, portés (poses) e malabarismo de contato, criam movimentos fluidos onde a virtuosidade aparece como uma surpresa. A companhia Delá Praká busca uma nova visão das artes cênicas, aportando uma linguagem particular dentro do circo contemporâneo. Como companhia independente, sua formação foi espontânea, nascendo a partir do encontro de três jovens artistas que buscavam fusionar as artes do circo com a dança contemporânea, utilizando a acrobacia, o duo-acrobático e o malabarismo como ferramenta de diálogo e expressão.
Já no domingo, 22, palhaços que viajaram o mundo se encontram no Sesc para exibir suas influências na construção do espetáculo “Circus.br”. O espetáculo apresenta artistas brasileiros que viajaram o mundo em diferentes companhias e festivais levando a linguagem universal do circo. Hoje juntos, compõe o novo espetáculo da Cia. Mimicalado, que desta vez incorpora um novo olhar de jovens artistas apaixonados pela arte do picadeiro. Entre as modalidades apresentadas estão acrobacias, parada de mão, equilíbrio, malabares de contato, música ao vivo e Calado, um mestre de cerimônias bem falador.
“Circus.br” é da Cia. Mimicalado, companhia que nasceu em 2002 a partir da integração pessoal e profissional de três artistas circenses que trabalhavam juntos no Circo Spacial: Leandro Calado (palhaço) Beatriz (trapezista, dançarina e acrobata) e Emilia (artista que fazia apresentação de força capilar como a Índia Naypi). Em 2003 a companhia já fazia a sua primeira viagem para os EUA para integrar o show da americana Universoul Circus e se apresentaram em 20 estados americanos em uma lona com capacidade para 1500 espectadores. Nestes últimos anos, a cia. Apresentou-se em Nova Iorque, Paris, Jeddha (Arabia Saudita) e em várias cidades de diferentes estados Brasileiros.
Programação completa:
Espetáculo
Qualquer Verdura
Com a Cia Los Chimichurri (Argentina), 60 min.
Neste espetáculo de linguagem universal, o equilibrista e palhaço Rafael Dante exibe uma técnica circense apurada, explora as possibilidades do corpo, o potencial terapêutico do riso e o efeito enriquecedor de um aplauso.
Dia 19 (feriado), quinta, às 15h.
Grátis
Intervenção
Nóis Um
Com Cia Delá Praká (Brasil), 40 min.
Uma coreografia cheia de sincronicidade une dança contemporânea, acrobacia, portés (modo de se portar) e malabarismo de contato, criam movimentos fluidos em que a virtuosidade aparece como uma surpresa. Após a apresentação, os artistas convidam o público para experimentar as técnicas de circo.
Dia 21, sábado, às 16h.
Grátis
Espetáculo
Circus.BR
Com Cia Mimicalado, 60min.
O espetáculo apresentaartistas brasileiros queviajaram o mundo emdiferentes companhias e festivais levando alinguagem universaldo circo. Hoje, juntos,compõem o novo espetáculoda companhia, queincorpora um novo olhar dejovens artistas apaixonadospela arte do picadeiro. Após a apresentação, vivência com os artistas.
Dia 22, domingo, às 15h.
Grátis