A companhia teatral rio-pretense Hecatombe estreia neste fim de semana o espetáculo infantil, VERMELHINHOS. A obra faz um mergulho na obra da escritora Clarice Lispector (1920-1977). A peça inspira-se na narrativa de A mulher.
Serão duas apresentações em Rio Preto. Terão entrada gratuita: neste sábado e domingo (13 e 14/10), às 19h, no Centro Cultural Vasco. Os ingressos devem ser retirados no local uma hora antes.
O espetáculo tem dramaturgia de Homero Ferreira e direção de Linaldo Telles. Conta em seu elenco com Clarissa Maria e Luiz Perez. Em cena, a personagem Clarice (Clarissa Maria) e o Guarda Perseu (Luiz Perez) são amigos de infância. Se reencontram na vida adulta em posições diferentes e com opiniões divergentes.
Clarice perambula com sua casa-armário contando histórias de seus bichos. Perseu é um sisudo guarda de uma praça localizada na rua A Descoberta do Mundo. À medida que é tomado pela sensibilidade dessa contadora de histórias e protetora dos animais, Perseu descobre, literalmente, um novo mundo.
“A mulher que matou os peixes é o livro que serviu como espinha dorsal da nossa dramaturgia. A partir de uma pesquisa profunda em Clarice, vários outros elementos de sua obra foram trazidos para o espetáculo, como sua fobia por baratas, seu reiterado existencialismo e, ainda, sua escrita que sempre parece seguir um fluxo de pensamento sem nenhuma edição”, revela Ferreira.
Embora o espetáculo seja pensado para as crianças, consegue dialogar com as diversas faixas etárias de espectador de formas diferentes.
Além de contar com a vibrante atuação de Clarissa Maria, VERMELHINHOS marca o retorno de Luiz Perez aos palcos, depois de um hiato de dez anos. Também sela a parceria entre Homero Ferreira, fundador da Hecatombe, e o ator e diretor Linaldo Telles.
Quando se conheceram, em 2008, a dupla estabeleceu uma parceria de estudos e projetos que, em 2009, resultou na ideia de VERMELHINHOS. A proposta inicial era de que o projeto fosse concebido pela companhia teatral que Linaldo dirigia na época, em São Paulo.
“Agora, quase dez anos depois, retomamos com a mesma paixão esse universo clariciano e com a sensação de que o texto da peça nunca fez tanto sentido”, assinala Ferreira.
“Montar VERMELHINHOS hoje é traduzir um pouco do sentimento existencialista contido nas histórias que Clarice nos contou. E também marcar posição ante aos visíveis retrocessos de pensamento que nossa sociedade vem atravessando”, acrescenta.
A direção de Linaldo Telles persegue incansavelmente a poesia nas relações, nos gestos e nos movimentos. O diretor busca lançar um olhar que detalha o simples e que, a partir daí, mostra uma artesania na direção dos atores.
“O público pode esperar bons momentos de diversão e poesia, regada a uma narrativa que vai buscar na contação de histórias um recurso poderoso para a expansão da sensibilidade em crianças e adultos”, afirma o dramaturgo da Companhia Hecatombe.
“Assim como diz Clarice, em seu livro Água Viva – ‘Cada coisa tem um instante em que ela é. Quero apossar-me do é da coisa’ -, estamos em busca do é da coisa.”