No dia 22 de março, sexta-feira, às 19h30, será aberta a exposição “Verger e Carybé: entre as duas margens do Atlântico”, no SESI Rio Preto.
O fotógrafo, etnólogo, antropólogo e babalaô Pierre Verger dedicou a maior parte da sua vida aos estudos sobre esta cultura na África e na Bahia, onde fixou residência em 1946. Seus livros, tais como Fluxo e Refluxo e Orixás, e o seu rico e extenso registro visual são uma das maiores pesquisas realizadas sobre este tema no Brasil.
O artista visual Carybé também foi seduzido pela “Roma negra”, onde acabou se instalando e, durante décadas, retratou com impressionante virtuosismo a vida das ruas da Bahia. Realizou ainda duas visitas ao Benim, onde teve a oportunidade de documentar festas, crenças e cenas da vida cotidiana no continente africano.
A exposição convida o público a descobrir, por meio de fotografias, desenhos e aquarelas de ambos os artistas, cenas de impressionante semelhança, retratadas ora nas cidades do Benim e da Nigéria, ora nas ruas da Bahia.
São 64 obras, que mostram a admiração de ambos os artistas pela Bahia e pelas religiões afro-brasileiras.
“Fiz várias idas e vindas entre a Bahia e a África. Amo quase igualmente as duas margens do Atlântico, com um pouco mais de ternura, no entanto, pela ‘Boa Terra da Bahia’. Essa cidade possui um não sei-o-quê que me prendeu e enfeitiçou…”, disse Pierre Verger.
Já Carybé, assim se expressou acerca das crenças de origem africana que descobriu em Salvador.
“(o meu trabalho) pretende ser um documento honesto e preciso das coisas do Candomblé, mostrando festas, trajes, símbolos e cerimônias por mim vistas e vividas neste mundo prodigioso que os escravos nos trouxeram e depositaram nas profundezas do coração da Bahia.”
Assim, a exposição retraça, ainda, a rota do tráfico negreiro, que ligava o Benim à Bahia, e aborda, a partir da arte, um tema de extrema importância neste triste capítulo da história brasileira e de grande importância na formação do povo brasileiro: o legado cultural trazido para o Brasil pelo povo iorubá.